Mosca-da-azeitona infesta Itália e causa escassez de azeite virgem
Bloomberg
Rudy Ruitenberg13 horas atrás
(Bloomberg) – Todos os outonos boreais, Fabio
Landini faz fila junto a outros oleicultores em um moinho na Toscana, Itália,
onde prensas tradicionais de pedra esmagam o azeite da sua safra. Neste ano,
ele não obteve nem sequer uma gota.
Uma infestação de moscas-da-azeitona devastou os
olivais de toda a Itália, a maior produtora de azeite de oliva depois da
Espanha. Em um país onde os antigos romanos se untavam de azeite de oliva e os
moradores modernos o utilizam para molhar pão ou fazer molho de pasta, a
produção poderia cair 35 por cento neste ano, segundo o Instituto de Serviços
para os Mercados de Agricultura e Alimentos (Ismea).
“Nós não colhemos nada”, disse Landini, um
banqueiro de investimentos aposentado, quem obtém cerca de 150 litros de azeite
do seu olivedo de 80 árvores em um ano típico. “As poucas azeitonas que
tínhamos estavam afetadas pela mosca-da-azeitona, cheias de larvas”.
O estrago nas safras da Itália e uma colheita fraca
da Espanha acarretam que a produção global na temporada que vai até setembro de
2015 seja a menor em 15 anos, disse o Conselho Oleícola Internacional em 2 de
dezembro. Em uma época em que os custos mundiais dos alimentos estão caindo, os
preços do azeite de oliva estão crescendo rapidamente para os consumidores
italianos atolados em três anos de recessão, bem como para grandes
importadores, entre eles os EUA, onde o consumo se triplicou nas últimas duas
décadas.
“As pessoas pagarão mais”, disse Michael Bradley,
presidente da Veronica Foods Co., com sede em Oakland, Califórnia, que importa
mais de 3,78 milhões de litros por ano.
O azeite de oliva virgem de qualidade intermédia da
Espanha, uma referência do setor, poderia alcançar 3,20 euros (US$ 3,96) por
quilo nos próximos dois ou três meses, disse Bradley, uma alta de cerca de 65
por cento frente ao valor desta semana.
Preços recordes
As oliveiras, que podem dar frutos durante séculos,
são colhidas na Itália entre setembro e janeiro. A média de uso de uma família
no país é de cerca de 34 litros de azeite por ano, segundo dados compilados
pela Bloomberg do Rabobank e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico.
Os preços do azeite extra virgem de qualidade da
Itália quebraram um recorde em novembro e aumentaram 46 por cento no moinho nos
últimos sessenta dias para 6.308 euros por tonelada. O azeite virgem de
qualidade intermédia da Espanha subiu 61 por cento depois de registrar um
mínimo em maio de 2.764 euros por tonelada.
Projeta-se que a produção de azeite de oliva na
Espanha caia para 750.000 toneladas do recorde do ano passado, de 1,78 milhão
de toneladas, depois que as safras fossem danificadas pelo clima quente e por
doenças, segundo uma associação de fazendeiros espanhóis jovens conhecida como
Asaja. Na Itália, a produção poderia recuar para 302.470 toneladas, comparada
com 463.701 toneladas em 2013, segundo a Ismea.
Boom na Grécia e na
Tunísia
A Itália e a Espanha estão gerando menos azeite, ao
passo que a produção está tendo um boom na Grécia e na Tunísia, terceira e
quarta maiores produtoras do mundo. As oliveiras da Grécia provavelmente rendam
300.000 toneladas de azeitonas, uma alta de 127 por cento em relação ao ano
passado, e a produção da Tunísia poderia se quadruplicar para 260.000
toneladas, segundo o Conselho Oleícola Internacional.
A perspectiva é mais sombria para Stefano
Barbarossa, quem é dono de um olival com mil árvores em Sabina, Itália, e
perdeu cerca de 80 por cento da produção de azeite de oliva neste ano. Ele diz
que não tem nada para vender e que enfrenta até 30.000 euros em renda perdida.
“Meu pai e meus avós dizem que nunca viram algo
assim”, disse Barbarossa em entrevista do moinho no centro da Itália.
“Normalmente, nesta época do ano, não poderíamos entrar neste moinho de azeite
por causa da multidão, dos tratores e das pessoas que vêm para esmagarem suas
azeitonas. Agora, como você pode ver, está tudo morto”.
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