sexta-feira, 5 de dezembro de 2014


Mosca-da-azeitona infesta Itália e causa escassez de azeite virgem
Bloomberg
Rudy Ruitenberg13 horas atrás
     
(Bloomberg) – Todos os outonos boreais, Fabio Landini faz fila junto a outros oleicultores em um moinho na Toscana, Itália, onde prensas tradicionais de pedra esmagam o azeite da sua safra. Neste ano, ele não obteve nem sequer uma gota.
Uma infestação de moscas-da-azeitona devastou os olivais de toda a Itália, a maior produtora de azeite de oliva depois da Espanha. Em um país onde os antigos romanos se untavam de azeite de oliva e os moradores modernos o utilizam para molhar pão ou fazer molho de pasta, a produção poderia cair 35 por cento neste ano, segundo o Instituto de Serviços para os Mercados de Agricultura e Alimentos (Ismea).
“Nós não colhemos nada”, disse Landini, um banqueiro de investimentos aposentado, quem obtém cerca de 150 litros de azeite do seu olivedo de 80 árvores em um ano típico. “As poucas azeitonas que tínhamos estavam afetadas pela mosca-da-azeitona, cheias de larvas”.
O estrago nas safras da Itália e uma colheita fraca da Espanha acarretam que a produção global na temporada que vai até setembro de 2015 seja a menor em 15 anos, disse o Conselho Oleícola Internacional em 2 de dezembro. Em uma época em que os custos mundiais dos alimentos estão caindo, os preços do azeite de oliva estão crescendo rapidamente para os consumidores italianos atolados em três anos de recessão, bem como para grandes importadores, entre eles os EUA, onde o consumo se triplicou nas últimas duas décadas.
“As pessoas pagarão mais”, disse Michael Bradley, presidente da Veronica Foods Co., com sede em Oakland, Califórnia, que importa mais de 3,78 milhões de litros por ano.
O azeite de oliva virgem de qualidade intermédia da Espanha, uma referência do setor, poderia alcançar 3,20 euros (US$ 3,96) por quilo nos próximos dois ou três meses, disse Bradley, uma alta de cerca de 65 por cento frente ao valor desta semana.
Preços recordes
As oliveiras, que podem dar frutos durante séculos, são colhidas na Itália entre setembro e janeiro. A média de uso de uma família no país é de cerca de 34 litros de azeite por ano, segundo dados compilados pela Bloomberg do Rabobank e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Os preços do azeite extra virgem de qualidade da Itália quebraram um recorde em novembro e aumentaram 46 por cento no moinho nos últimos sessenta dias para 6.308 euros por tonelada. O azeite virgem de qualidade intermédia da Espanha subiu 61 por cento depois de registrar um mínimo em maio de 2.764 euros por tonelada.
Projeta-se que a produção de azeite de oliva na Espanha caia para 750.000 toneladas do recorde do ano passado, de 1,78 milhão de toneladas, depois que as safras fossem danificadas pelo clima quente e por doenças, segundo uma associação de fazendeiros espanhóis jovens conhecida como Asaja. Na Itália, a produção poderia recuar para 302.470 toneladas, comparada com 463.701 toneladas em 2013, segundo a Ismea.
Boom na Grécia e na Tunísia
A Itália e a Espanha estão gerando menos azeite, ao passo que a produção está tendo um boom na Grécia e na Tunísia, terceira e quarta maiores produtoras do mundo. As oliveiras da Grécia provavelmente rendam 300.000 toneladas de azeitonas, uma alta de 127 por cento em relação ao ano passado, e a produção da Tunísia poderia se quadruplicar para 260.000 toneladas, segundo o Conselho Oleícola Internacional.
A perspectiva é mais sombria para Stefano Barbarossa, quem é dono de um olival com mil árvores em Sabina, Itália, e perdeu cerca de 80 por cento da produção de azeite de oliva neste ano. Ele diz que não tem nada para vender e que enfrenta até 30.000 euros em renda perdida.
“Meu pai e meus avós dizem que nunca viram algo assim”, disse Barbarossa em entrevista do moinho no centro da Itália. “Normalmente, nesta época do ano, não poderíamos entrar neste moinho de azeite por causa da multidão, dos tratores e das pessoas que vêm para esmagarem suas azeitonas. Agora, como você pode ver, está tudo morto”.


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