Diamante raro de MT prova presença de reservatório de água subterrâneo
Ringwoodite é formado em grandes profundidades e tem água na composição.
Mineral só tinha sido produzido em testes que simulavam o centro da Terra.
Um estudo feito através de um diamante coletado em Juína, a 737 km de Cuiabá, percebeu a presença de um mineral nunca antes visto na natureza. O ringwoodite só tinha sido produzido em testes de laboratório que tentavam simular o interior do centro da Terra. A descoberta do pesquisador canadense, Graham Pearson, comprova a presença de umidade no manto terrestre.
Os testes foram feitos na Universidade de Alberta, em Edmonton, no Canadá, onde uma equipe analisou as impurezas do diamante mato-grossense, que pesava 0,09 gramas. E, na composição, encontraram um grão de 40 micrômetro [o que equivale à milésima parte do milímetro] de ringwoodite, mineral antes produzido só em laboratórios, em tentativas de simular o interior da Terra.
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Em testes com laser, o geoquímico Hans Keppler, da Universidade de Bayreuth, na Alemanha, submeteu olivina, um mineral que compõe a maior parte do manto superior, a altas pressões. Ele descobriu que, com a pressão semelhante à profundidade de 410 km a 660 km ao interior da Terra, a olivina se convertia em ringwoodite. Mas, até 2014, data da publicação de Pearson, não haviam evidências naturais da teoria.
Minerais que se formam em grandes profundidades raramente são encontrados para o desenvolvimento de estudos. Mas, se presos no interior de diamantes, ficam conservados nas formas originais. Doutor em geociências e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ricardo Weska, que trabalhou com os canadenses durante as visitas à Juína, explicou que a chegada do diamante estudado até a superfície terrestre, provavelmente se fez através de vulcões que existem ou que já existiram na região.
Especialista em diamantes, Ricardo Wesca esclareceu que, para que a olivina se cristalize em ringwoodite, é necessário que hajam partículas d'água, que de fato foram encontradas na amostra. A descoberta, portanto, poderia vir a indicar e existência de água na zona transição.
Falso oceano
A pesquisa sobre o diamante mato-grossense ficou mundialmente conhecida como a descoberta de outro oceano embaixo da Terra, em Juína. Mas este conceito de oceano é diferente para os geocientistas. “A divulgação das notícias criou expectativas nas pessoas sobre achar reservatórios de águas, aquíferos, quando a realidade pode estar bem distante disso”, explicou Ricardo Weska.
A pesquisa sobre o diamante mato-grossense ficou mundialmente conhecida como a descoberta de outro oceano embaixo da Terra, em Juína. Mas este conceito de oceano é diferente para os geocientistas. “A divulgação das notícias criou expectativas nas pessoas sobre achar reservatórios de águas, aquíferos, quando a realidade pode estar bem distante disso”, explicou Ricardo Weska.
Pearson descobriu que, no minúsculo grão de ringwoodite, continha cerca de 1% de água em peso. Segundo o pesquisador, isso pode não parecer muito, mas, quando considerada a quantidade de ringwoodite existente na zona de transição subterrânea, poderia ser a descoberta de tanta água quanto a de todos os oceanos da Terra juntos.
Em contrapartida, Pearson relata que a amostra estudada parece vir de uma região extremamente úmida. O teor de água de um único cristal não representa necessariamente o interior de todo o planeta.
Além disso, Ricardo Weska salientou que esta água não estaria livre, como nos estados que conhecemos normalmente: o liquido, sólido e gasoso. Segundo ele, extrair água destes minerais seria economicamente inviável.
“Existem reservatórios de água mais próximos à superfície. As partículas desta água descoberta são muito pequenas e estão presas a esses minerais. Seriam necessários muitos diamantes para recolher quantidades consideráveis de água”, explicou Ricardo.
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