sábado, 20 de agosto de 2016

19/08/2016 08h56 - Atualizado em 19/08/2016 10h18

Lula 'fofa' com olhos arregalados chama a atenção de cientistas

Pesquisadores observaram que animal mais parece um brinquedo.
Segundo especialista, pode se tratar de uma nova espécie.

Da Associated Press

Imagem da câmera NautilusLive mostra lula de olhos arregalados no fundo do oceano no sul da Califórnia  (Foto: OET/Nautiluslive via AP)Imagem da câmera NautilusLive mostra lula de olhos arregalados no fundo do oceano no sul da Califórnia (Foto: OET/Nautiluslive via AP)
Uma equipe de cientistas e técnicos que observavam o fundo rochoso do mar no sul da Califórnia, nos Estados Unidos, não contiveram seu entusiasmo ao avistar uma lula de cor vibrante e olhos arregalados.
É possível ouvir a exclamação de admiração no vídeo postado na página do Exploration Vessel Nautilus, enquanto a câmera em um veículo operado remotamente se depara com o cefalópode roxo de olhos gigantes e redondos.
Então as piadas começaram. "Ele tem olhos estranhos", disse um dos observadores. "Chegue mais perto", disse outro. Um deles sugeriu que o animal parecia um brinquedo deixado por uma criança e outro que os olhos pareciam ter sido pintados.
A criatura "fofa" parece um cruzamento entre lula e polvo, mas é próximo de um molusco chamado choco, segundo os cientistas.
"Além da fofura dos olhos arregalados, há algo biologicamente interessante sobre essa observação", diz o especialista em cefalópodes Michael Vecchione, da Instituição Smithsonian. A criatura pode ser uma nova espécie, segundo ele.
Ele foi encontrado a cerca de 900 metros da superfície, o que é incomum, mas não inédito. Mas, além disso, o polvo não tem cromatóforos, células que permitem que ele mude de cor, como membros de sua espécie normalmente têm, afirmou Vecchione.
A questão permanece sem resposta porque esta lula continua no fundo do oceano, fora do alcance dos cientistas
.

domingo, 14 de agosto de 2016


28/04/2016 10h45 - Atualizado em 28/04/2016 10h45

Diamante raro de MT prova presença de reservatório de água subterrâneo

Ringwoodite é formado em grandes profundidades e tem água na composição.
Mineral só tinha sido produzido em testes que simulavam o centro da Terra.

Do G1 MT
Amostra de diamante JUc29, procedente de Juína, no Mato Grosso, contém o mineral ringwoodite, que absorve água; formato de diamante foi esculpido por fluidos corrosivos do manto terrestre. (Foto:  Richard Siemens, University of Alberta/Divulgação)Amostra de diamante JUc29, procedente de Juína, no Mato Grosso, contém o mineral ringwoodite, que absorve água; formato de diamante foi esculpido por fluidos corrosivos do manto terrestre. (Foto: Richard Siemens, University of Alberta/Divulgação)
Um estudo feito através de um diamante coletado em Juína, a 737 km de Cuiabá, percebeu a presença de um mineral nunca antes visto na natureza. O ringwoodite só tinha sido produzido em testes de laboratório que tentavam simular o interior do centro da Terra. A descoberta do pesquisador canadense, Graham Pearson, comprova a presença de umidade no manto terrestre.
Os testes foram feitos na Universidade de Alberta, em Edmonton, no Canadá, onde uma equipe analisou as impurezas do diamante mato-grossense, que pesava 0,09 gramas. E, na composição, encontraram um grão de 40 micrômetro [o que equivale à milésima parte do milímetro] de ringwoodite, mineral antes  produzido só em laboratórios,  em tentativas de simular o interior da Terra.
Em testes com laser, o geoquímico Hans Keppler, da Universidade de Bayreuth, na Alemanha, submeteu olivina, um mineral que compõe a maior parte do manto superior, a altas pressões. Ele descobriu que, com a pressão semelhante à profundidade de 410 km a 660 km ao interior da Terra, a olivina se convertia em ringwoodite. Mas, até 2014, data da publicação de Pearson, não haviam evidências naturais da teoria.
Minerais que se formam em grandes profundidades raramente são encontrados para o desenvolvimento de estudos. Mas, se presos no interior de diamantes, ficam conservados nas formas originais. Doutor em geociências e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ricardo Weska, que trabalhou com os canadenses durante as visitas à Juína, explicou que a chegada do diamante estudado até a superfície terrestre, provavelmente se fez através de vulcões que existem ou que já existiram na região.
Especialista em diamantes, Ricardo Wesca esclareceu que, para que a olivina se cristalize em ringwoodite, é necessário que hajam partículas d'água, que de fato foram encontradas na amostra. A descoberta, portanto, poderia vir a indicar  e existência de água na zona transição.
Falso oceano
A pesquisa sobre o diamante mato-grossense ficou mundialmente conhecida como a descoberta de outro oceano embaixo da Terra, em Juína. Mas este conceito de oceano é diferente para os geocientistas. “A divulgação das notícias criou expectativas nas pessoas sobre achar reservatórios de águas, aquíferos, quando a realidade pode estar bem distante disso”, explicou Ricardo Weska.
Pearson descobriu que, no minúsculo grão de ringwoodite, continha cerca de 1% de água em peso. Segundo o pesquisador, isso pode não parecer muito, mas, quando considerada a quantidade de ringwoodite existente na zona de transição subterrânea, poderia ser a descoberta de tanta água quanto a de todos os oceanos da Terra juntos.
Em contrapartida, Pearson relata que a amostra estudada parece vir de uma região extremamente úmida. O teor de água de um único cristal não representa necessariamente o interior de todo o planeta.
Além disso, Ricardo Weska salientou que esta água não estaria livre, como nos estados que conhecemos normalmente: o liquido, sólido e gasoso. Segundo ele, extrair água destes minerais seria economicamente inviável.
“Existem reservatórios de água mais próximos à superfície. As partículas desta água descoberta são muito pequenas e estão presas a esses minerais. Seriam necessários muitos diamantes para recolher quantidades consideráveis de água”, explicou Ricardo.

http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2016/04