sábado, 22 de abril de 2017

Os brasileiros 'desenganados por médicos' e que vivem e trabalham com doenças raras

Pacientes de doenças rarasDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionRoberto Guedes (no alto à esq.), Luis Eduardo Próspero, Bárbara Nascimento e Marianna Gomes: representantes de grupo estimado em 13 milhões de pessoas apenas no Brasil
A estudante Bárbara Nascimento, de 14 anos, realizou um sonho neste ano: ir a um show de Justin Bieber.
Ao lado da mãe, Rosângela, a adolescente não conteve a alegria ao ver o ídolo de perto em São Paulo. "O show foi lindo", disse.
Além da mãe, estava com ela outro "companheiro inseparável": o cilindro de oxigênio de seis quilos e rodinhas, enfeitado com imagens do cantor canadense.
Bárbara tem Niemann-Pick B, uma doença genética que afeta os pulmões - e apenas um em cada 500 mil nascidos vivos no mundo.
A adolescente integra um grupo estimado em 13 milhões de pessoas só no Brasil, o de portadores de doenças raras, que atingem até 65 pessoas em cada 100 mil nascidos vivos.
Existem entre 6 mil e 8 mil doenças raras, que geralmente são crônicas, degenerativas e muitas vezes levam à morte precoce.
Se na era pré-internet esses pacientes sofriam em busca de diagnósticos corretos e chegavam a ser desenganados por médicos, hoje, com mais informações disponíveis, muitos trabalham e estudam.
Bárbara NascimentoDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionBárbara Nascimento e o 'inseparável' cilindro de oxigênio: mais de 40 internações e peregrinação até diagnóstico correto
Alguns foram além e já se casaram, cursaram faculdades e hoje vivem de forma independente, algo quase impensável no passado recente.

'Doença dos magros'

Um exemplo é o potiguar Roberto Guedes, de 30 anos. Ele tem lipodistrofia generalizada congênita, síndrome genética apelidada no Rio Grande do Norte como "doença dos magros", por desregular o nível de gordura no corpo e alterar a aparência dos afetados.
Como várias enfermidades raras, a doença não tem cura, apenas tratamentos paliativos. De tão incomum, não há estimativa precisa sobre casos no mundo - estima-se que haja apenas 250.
Uma das principais características da doença, também conhecida como síndrome de Berardinelli-Seip, é o desenvolvimento de diabetes grave.
Com um mês de vida, Roberto tinha um nível de triglicérides (gorduras) no sangue de 810 - em adultos, o índice normal gira em torno de 170. Médicos disseram à família que ele não passaria dos seis meses de vida.
O diagnóstico correto só veio aos dois anos de idade - junto com a previsão de que Roberto viveria no máximo até a adolescência.
"Tivemos de fazer uma reviravolta, com medicamentos e novos hábitos alimentares", conta Márcia, mãe de Roberto. "Isso fez com que ele pudesse ter uma melhor qualidade de vida, podendo frequentar a escola e, posteriormente, a faculdade."
Roberto formou-se em Administração Financeira e hoje trabalha no Sebrae. Casou-se em fevereiro deste ano, no dia mais emocionante da vida para ele e a família.
Casamento de Roberto GuedesDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionRoberto Guedes (de azul escuro ao centro) tem enfermidade rara marcada por redução extrema da quantidade de gordura no corpo
"Sofri bastante preconceito na vida, mas sempre tive amigos que me defenderam. Meus pais me criaram como uma pessoa normal, mesmo tendo certos limites", diz Roberto.
"Hoje me casei e saí de casa (dos pais). A vida de casal está sendo uma experiência valiosa. Cuido da alimentação e penso em viver mais uns 60 anos."

'Tudo é aprendizado'

Luis Eduardo Próspero, de 26 anos, perdeu a visão aos dez anos. Tem apenas 1,32 metro de altura e dificuldade de locomoção - percorre sozinho apenas distâncias curtas.
Dudu, como é conhecido, também é graduado em Direito e está no terceiro ano de Administração. Tem emprego na Prefeitura de Itápolis (SP), onde vive, e toca sozinho suas tarefas cotidianas: alimentação, higiene, estudos.
Ele tem um tipo raro de mucopolissacaridose (MPS), doença genética que impede o processamento de moléculas de açúcar - e atinge, em média, uma em cada 25 mil pessoas. Um irmão de Dudu morreu aos seis anos em decorrência da doença.
Luis Eduardo PrósperoDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionMédicos diziam que Luis Eduardo Próspero, de 26 anos, não chegaria à adolescência
Diziam que ele não chegaria à adolescência, mas aos 13 anos passou a integrar o estudo de um novo remédio e a doença parou de avançar.
"Procuro ter o máximo possível de independência, viver feliz e levando alegria aos outros. Sempre tomo as coisas que acontecem comigo como aprendizado, e tudo me faz crescer", diz.

Grupos de ajuda

A redução das distâncias com o desenvolvimento da comunicação facilitou a troca de experiências entre pessoas que convivem com doenças raras.
Pelas redes sociais, Marianna Gomes, de 23 anos, faz a ponte entre portadores de fibrodisplasia ossificante progressiva (FOP), desordem que transforma tecidos conjuntivos em ossos, imobilizando o indivíduo.
No mundo, estima-se que a doença atinja uma pessoa a cada 2 milhões de nascidos vivos. São apenas 83 casos conhecidos no Brasil. Não tem tratamento específico nem cura.
Passando por fase mais aguda da doença, Mariana "travou" os braços e não consegue andar. Precisa de ajuda para se alimentar. Ainda assim, é formada em Psicologia, cursa Administração e inglês (à distância). Trabalhou até pouco tempo como atendente de farmácia.
Marianna GomesDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionMarianna Gomes criou rede de troca de informação sobre doença que muitas vezes nem é reconhecida pelos profissionais de saúde
E escreve, publica vídeos e troca informações sobre a doença por meio da FOP Brasil, fundada em 2004 como uma rede de apoio para pacientes.
"Procuramos sempre ajudar os pacientes de alguma forma, com campanhas na internet ou contato direto. Nossa rede se fortalece a cada dia", afirma.

Contra a desinformação

Além do custo alto de tratamento - pacientes recorrem com frequência à Justiça para conseguir bancar o atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) -, famílias que enfrentam doenças raras se deparam com o desconhecimento dos médicos sobre as enfermidades.
"Isso é um problema que toda mãe de filho com doença rara passa: chegar ao hospital e se deparar com o médico acessando o Google para entender sobre doenças e procedimentos", conta Rosângela Nascimento, mãe da adolescente Bárbara.
Uma iniciativa recente que busca minimizar esse cenário é a Linha Rara, o primeiro 0800 de doenças raras no Brasil.
Parceria entre ONGs portuguesas, Instituto da Criança do Hospital das Clínicas (SP) e o Instituto Vidas Raras, do Brasil, é um canal para informações sobre essas doenças, centros de referência para tratamento, grupos de apoio, procedimentos burocráticos e novidades em pesquisas.
Desde a criação do serviço, em fevereiro deste ano, foram mais de mil atendimentos, por telefone (0800 006 7868) e e-mail (linharara@rarissimas.org.br).
"Os pacientes já vêm com alguma investigação, passaram por muitos médicos e costumam estar ansiosos por uma resposta. Temos que explicar que não podemos fazer diagnóstico virtual, análise de exames", explica a atendente do serviço Érica Salles, citando impedimentos previstos no Código de Ética do Conselho Federal de Medicina.
Serviço Linha RaraDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionInspirado em serviço português, Linha Rara busca escutar, informar e aconselhar sobre doenças raras
Os atendentes consultam especialistas e gestores, e são preparados para diferenciar doenças raras de desordens de difícil diagnóstico, que em geral são neuropatias (funcionamento anormal dos nervos) ou doenças reumatológicas.
"Também detectamos problemas burocráticos que essas pessoas enfrentam ao passar por algum especialista. Tempo de demora, documentação necessária. Indicamos os serviços e como chegar até eles", diz Salles.
Para Rosely Maria, assessora do Instituto Vidas Raras, a maior circulação de dados sobre doenças raras impacta diretamente o cotidiano dos doentes.
"Hoje, sabe-se que as informações disponíveis e a conscientização sobre as doenças, mostrando os cuidados adequados a tomar, têm levado estes pacientes a ter mais tempo de vida", afirma.
É o que anima Bárbara, a adolescente de 14 anos do show de Justin Bieber. Após quatro cirurgias e mais de 40 internações, ela está no nono ano do colégio e pensa em ser médica pediatra.
Deseja também crescer sem tantos remédios, oxigênio em casa e dores nas pernas e braços. E exercita a esperança, palavra sempre presente no vocabulário dos "raros". "Sonho que vou ser curada um dia."
http://www.bbc.com/portuguese/geral-39625449 

Como um imenso rio desapareceu em 4 dias no Canadá

  • 18 abril 2017 



Leito criado pela água de desgelo da geleira KaskawulshDireito de imagemDAN SHUGAR/UNIVERSIDADE DE WASHINGTON TACOMA
Image captionKaskawulsh é uma das maiores geleiras do rio Yukón no Canadá

O Slims é um rio imenso que se alimenta da água da geleira Kaskawulsh, no noroeste do Canadá. Em suas partes mais largas, ele pode se estender por até 150 metros.
Mas talvez devêssemos dizer "podia", já que em apenas quatro dias, em maio de 2016, o rio desapareceu subitamente da face da terra.
Seu inesperado e violento sumiço foi produto de pirataria fluvial, fenômeno pelo qual o leito de um rio é repentinamente desviado até outro curso d'água.
Isso pode ocorrer ao longo de milhares de anos pela erosão, por causa de movimentos da crosta terrestre ou de deslizamentos de terras.



Direito de imagemJIM BEST/UNIVERSIDADE DE ILLINOIS
Mas o que aconteceu no Canadá, segundo os pesquisadores que fizeram a descoberta, está diretamente ligado à mudança climática - ou seja, é produto da atividade humana.

Aquecimento

O derretimento intenso da geleira Kaskawulsh durante a primavera do ano passado fez com que a água, em vez de se desviar para o norte (e alimentar o rio Slims, que se une ao rio Yukón e desemboca no mar de Bering), se desviasse para o sul, aumentando o leito do rio Alsek, que desemboca no oceano Pacífico.
Ou seja, a água do degelo criou um novo canal e desviou seu curso, indo parar a milhares de quilômetros de seu destino original.



Direito de imagemJIM BEST/UNIVERSIDADE DE ILLINOIS
Image caption

De acordo Dan Shugar, geocientista da Universidade de Washington Tacoma, nos Estados Unidos, e autor principal da pesquisa, essa é a primeira vez que se registra um caso de pirataria fluvial na atualidade.
É possível encontrar registros geológicos do fenômeno há milhões de anos, "mas não no século 21, onde isso está acontecendo diante dos nossos narizes", disse o cientista.
"Fomos para aquela região com a intenção de continuar com nossas medições no rio Slims, mas encontramos o leito do rio mais ou menos seco", disse James Best, geólogo da Universidade de Illinois e coautor do estudo.

Plantas e poeira

Após examinar o terreno, os pesquisadores observaram as mudanças dramáticas na paisagem.
O leito do Slims ficou descoberto - onde antes havia água, agora cresce pasto.



Direito de imagemJIM BEST/UNIVERSIDADE DE ILLINOIS
Image caption

O ar, antes límpido, em determinados momentos se transforma em uma poeirada criada pelos fortes ventos que arrastam os sedimentos do rio.
Enquanto isso, o rio Alsek, que levou as águas do Slims, tornou-se entre 60 e 70 vezes maior do que costumava ser e tem uma vazão muito maior.
Apesar de os arredores do Slims não serem muito habitados, uma mudança tão drástica terá consequências enormes para os ecossistemas naturais e pode chegar a afetar o abastecimento de água na região, dizem os cientistas.
De acordo com os pesquisadores, a mudança climática causará mais eventos como este no futuro, e seremos testemunhas da pirataria fluvial como consequência do derretimento das geleiras do Kilimanjaro, em outras regiões do Canadá e do Alaska, assim como dos Andes.
O estudo foi publicado na revista científica Nature Geoscience.

O tesouro em minerais raros encontrado em montanha submarina no Oceano Atlântico

  • 20 abril 2017
Monte TropicDireito de imagemNOC
Image captionBatizada de Tropic, o monte próximo às Ilhas Canárias tem 3 mil metros de altura e apenas um terço dele se destaca na superfície do Atlântico
Em uma montanha submarina, nas águas do Oceano Atlântico, está um tesouro de raros minerais.
Uma equipe de investigadores do Centro Nacional de Oceanografia (NOC, na sigla em inglês) do Reino Unido identificou um crosta de rochas extremamente rica em minerais raros nas paredes desse monte, a 500 quilômetros das Ilhas Canárias.
Amostras trazidas à superfície detectaram a presença de uma substância rara conhecida como telúrio em concentrações 50 mil vezes mais elevadas que as já identificadas na terra. O telúrio, comum em ligas metálicas, é usado também em um tipo avançado de painel solar.
A montanha também contêm minerais e terras-raras usados na fabricação de turbinas eólicas e em dispositivos eletrônicos.
A descoberta levanta uma questão delicada: se a busca por recursos alternativos de energia pode impulsionar a exploração mineral no fundo do mar.

Controvérsia

O monte submarino, cujo nome é Tropic, tem três mil metros de altura e seu cume fica a 1 mil metros da superfície.
Os pesquisadores do Centro Oceanográfico Nacional (NOC na sigla inglesa) do Reino Unido usaram robôs submarinos para investigar a crosta de grãos finos que cobre toda a superfície da montanha e tem espessura de quatro centímetros.
Bram Murton, líder da expedição que explora a Tropic, contou à BBC que esperava encontrar minerais em abundância no local, mas jamais imaginou que as concentrações dos mesmos seriam tão elevadas.
"Esta crosta é incrivelmente rica e é isso que faz com que essas rochas sejam incrivelmente especiais e valiosas do ponto de vista de recursos", explicou.
Detalhe de uma rocha do Monte TropicDireito de imagemNOC
Image captionEstima-se que o Monte Tropic tenha 2.670 toneladas de telúrio, mineral usado como semicondutor e comum em placas de energia solar

Debate necessário

Murton calcula que as 2.670 toneladas de telúrio da montanha equivalem a um duodécimo de todo o consumo mundial.
O pesquisador deixou claro que não está defendendo a prática da mineração no mar. A atividade foi recentemente regulamentada pela ONU, mas já provoca controvérsia pelos danos potenciais que pode causar ao meio ambiente marinho.
Ainda assim, Burton quer que a descoberta da equipe dele - parte de um projeto mais amplo chamado MarineE-Tech - provoque um debate sobre de onde devem vir os recursos vitais.
"Se precisamos de energia verde, precisamos de materiais para construir dispositivos capazes de gerar esse tipo de energia [limpa]. E esses materiais têm de vir de algum lugar", disse.
"Ou os tiramos da terra e fazemos um buraco lá. Ou os tiramos do fundo do mar e fazemos ali um buraco comparativamente menor", afirmou Murton, que acredita que esse é um dilema que precisa ser enfrentado por toda a sociedade. "Tudo o que fazemos tem um custo".
Pesquisadores têm pesquisado benefícios e riscos da mineração em terra e no mar.
Fundo do marDireito de imagemNOC
Image captionA descoberta do Mont Tropic levanta o debate sobre vantagens e riscos da mineração no fundo do mar

Vantagens e desvantagens

De forma geral, a mineração em terra implica em desmatar, remanejar povoados e construir vias de acesso para remover rochas com concentrações relativamente baixas de minerais (ou de minério).
No mar, por sua vez, os minérios são muito mais ricos, ocupam uma área menor e o impacto imediato sobre populações é bem menor. A desvantagem é que a vida marinha nas áreas de extração corre praticamente morre, e esse efeito devastador pode se estender rapidamente e, potencialmente, comprometer uma grande área.
Uma das principais preocupações é o efeito da poeira produzida ao se cavar o fundo do mar, que pode viajar longas distâncias e afetar organismos vivos pelo caminho.
Para entender as possíveis implicações, a expedição britânica realizou um experimento no qual tentou reproduzir os efeitos da mineração para medir a quantidade de pó produzido.
Os resultados preliminares, disse Murton, mostram que a poeira não é facilmente detectada a um quilômetro de distância além da fonte. Isso indica que o impacto da mineração submarina poderia ser mais localizado do que o inicialmente previsto.

Rico como a floresta tropical

Outro estudo, conduzido pelo mesmo grupo, avaliou evidências fornecida pela exploração do fundo do mar em curso e concluiu que muitas criaturas marítimas afetadas se recuperariam em um ano. Poucas, entretanto, voltariam a alcançar seus níveis anteriores, mesmo depois de duas décadas.
Uma pesquisa focou em organismos minúsculos no leito do Oceano Pacífico, na região conhecida como Zona Clarion-Clipperton, ao sul do Havaí.
Praia nas Ilhas CanáriasDireito de imagemREUTERS
Image captionA montanha rica em mineirais está a 500 quilômetros das Ilhas Canárias, no Oceano Atlântico
A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês) - uma organização ligada às Nações Unidas - autorizou empresas de 12 países a buscar minerais nas rochas do fundo do mar dessa região.
De acordo com Andy Gooday, professor do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido, as rochas do fundo do mar têm uma variedade de organismos unicelulares do tipo xenophyophorea muito maior do que se esperava.
Esses organismos estão nos degraus mais inferiores da cadeia alimentar marinha. Também desempenham um papel importante na formação de estruturas sólidas - como se fossem recifes de coral em miniatura - e fornecem habitats para outras criaturas marinhas.
Floresta tropical nublada
Image captionProfessor compara a riqueza da vida marinha com a identificada numa floresta tropical
Para Gooday, a vida identificada nos sedimentos do oceano profundo é comparável à que existe em uma floresta tropical e "é muito mais dinâmica" do que imaginava.
"Se você remover os organismos unicelulares, que são muito frágeis e certamente serão eliminados pela mineração, outros organismos também serão destruídos", disse.
"É difícil de prever e, como todo o oceano está conectado aos efeitos da mineração, precisamos aprender mais. Nós ainda sabemos muito pouco sobre o que está acontecendo lá em baixo", completou.
http://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-39652072#