domingo, 31 de maio de 2015

31/05/2015 09h44 - Atualizado em 31/05/2015 09h44

Coreia do Sul confirma 15 casos de coronavirus MERS

Infecções ocorrem após viagem de homem a Arábia Saudita.
Coronavírus provoca falha renal e não tem qualquer tratamento preventivo.

Da France Presse
As autoridades de saúde da Coreia do Sul confirmaram neste domingo (31) 15 novos casos de infecção pelo coronavírus MERS e advertiram que os próximos dias serão "críticos" para conter a epidemia.
Partículas do coronavírus Mers (Foto: Cynthia Goldsmith/Maureen Metcalfe/Azaibi Tamin)Partículas do coronavírus Mers (Foto: Cynthia Goldsmith/Maureen Metcalfe/Azaibi Tamin)
Infecções decorrem de um homem de 68 anos que foi diagnosticado em 20 de maio, duas semanas após seu retorno de uma viagem ao Oriente Médio durante a qual visitou a Arábia Saudita, o principal foco da doença.
As outras 14 pessoas infectadas são seus parentes ou estiveram em contato com ele.
As autoridades também examinaram dezenas de pessoas que tiveram contato com o homem e 129 foram colocadas em isolamento.
"Nós fazemos tudo que é necessário para evitar a propagação da doença", explicou o ministro da Saúde, Moon Hyung-Pyo, em uma coletiva de imprensa e disse que a próxima semana será "crítica" para conter a epidemia MERSC-CoV (sigla em inglês para Síndrome Respiratória do Oriente Médio-Coronavírus).
Autoridades sul-coreanas foram criticadas por sua lentidão em identificar potenciais portadores após diagnosticar o primeiro infectado e por não ter evitado que um suspeito viajasse para a China.
O homem de 44 anos, cujo pai era portador do vírus, não respeitou as recomendações de prudência das autoridades e decidiu viajar para a China na terça-feira. Na sexta-feira foi declarado contaminado.
De acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados um total de 1.139 casos de infecção pelo MERS-CoV, 431 deles fatais, principalmente na Arábia Saudita.
O coronavírus MERS é considerado um parente mais mortal, mas menos contagioso do vírus que causa a síndrome respiratória aguda grave (Sars), que em 2003 deixou 800 mortos em todo o mundo.
Ambos os vírus causam uma infecção dos pulmões, febre, tosse e dificuldades respiratórias. Ao contrário do Sars, o coronavírus provoca falha renal e não tem qualquer tratamento preventivo. Segundo a OMS, 36% dos pacientes afetados morreram.

sexta-feira, 29 de maio de 2015


Expedição revela mundo escondido dos plânctones

  • 29 maio 2015
Foto: Tara Oceans
A maior parte dos organismos planctônicos ainda são desconhecidos da ciência
O mundo escondido dos menores organismos do mundo foi revelado em uma série de estudos divulgados na publicação científica Science.
Uma equipe internacional vem estudando amostras de plâncton coletadas durante uma expedição global de três anos.
Até agora, eles encontraram 35 mil espécies de bactérias, cinco mil novos vírus e 150 mil plantas e criaturas unicelulares.
Os pesquisadores acreditam que a maioria desses micro-organismos são novos para a ciência.
"Temos a descrição mais completa até agora de organismos planctônicos: quais são vírus, bactérias e protozoários. Finalmente temos um catálogo do que existe no mundo", disse Chris Bowler, do Centro Nacional para a Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), em Paris, à BBC News.
Foto: Tara Oceans
Este pequeno crustáceo foi encontrado em uma amostra no Pacífico Sul
Organismos planctônicos são diminutos, mas, juntos, compõem 90% da massa de toda a vida nos oceanos.
Eles incluem vírus, bactérias, plantas unicelulares e protozoários.
Os plânctons são a base da cadeia alimentar marinha e produzem – através da fotossíntese – metade do oxigênio que respiramos.
No entanto, até agora, pouco se sabia sobre esse ecossistema oceânico nunca observado.
A expedição Tara, que foi financiada principalmente pela estilista francesa Agnès B., quis mudar este quadro.
Foto: Tara Oceans
Os plânctons incluem vírus, bactérias e protozoários, que são a maior parte da vida marinha
Foto: Tara Oceans
Até agora, a equipe analisou apenas 579 das 35 mil amostras coletadas pelo mundo
Entre 2009 e 2013, a equipe internacional de cientistas participou da expedição à bordo da escuna Tara.
O barco percorreu 30 mil quilômetros por todos os oceanos do mundo, coletando 35 mil amostras que foram retiradas tanto da camada mais superficial dos mares até trechos que ficavam mil metros debaixo d'água.
O projeto inteiro custou cerca de 10 milhões de euros (R$ 34 milhões).

Novos vírus

Até agora, os cientistas analisaram 579 das 35 mil amostras de bactérias. Os resultados das análises foram apresentados em cinco estudos.
Bowler afirmou que a pesquisa está transformando o nosso conhecimento sobre estas comunidades oceânicas.
"Descrevemos cerca de cinco mil comunidades de vírus – só 39 dessas eram conhecidas. E para os protozoários, estimamos algo como 150 mil tipos."
"Há cerca de 11 mil espécies de plâncton formalmente descritas, mas temos provas de que há pelo menos dez vezes mais que isso", diz Bowler.
A maioria dos organismos encontrados já havia sido observada antes, mas análises genéticas revelaram muitos genes desconhecidos.
"Temos (catalogados) 40 milhões de genes – e cerca de 80% deles são novos para a ciência", afirma o pesquisador.
A equipe também observa a maneira como as comunidades de plânctons estão organizadas e como as espécies interagem entre si.
Foto: Tara Oceans
As análises revelaram que a maioria dos organismos é sensível à temperatura
Foto: Tara Oceans
Os pesquisadores também tentaram entender como estes organismos interagem
Foto: Tara Oceans
Os organismos planctônicos incluem até estas diminutas águas-vivas e peixes encontrados nos oceanos

Base de dados 'enorme'

Os primeiros estudos revelam que muitos dos organismos, especialmente as bactérias, são sensíveis à temperatura.
"É a temperatura que determina que tipo de comunidades de organismos vamos encontrar. Se olharmos para nossos dados e soubermos que organismos estão lá, podemos prever a temperatura da água em que estão vivendo com 97% de probabilidade", afirma Bowler.
"Estes organismos são mais sensíveis à temperatura do que a qualquer outra coisa,e, com as mudanças climáticas, devemos observar mudanças também nestas comunidades."
A equipe de pesquisadores diz que estas descobertas são só o começo. Eles disponibilizaram os resultados para a comunidade científica para conseguir compreender melhor este mundo marinho misterioso.
"A quantidade de dados que disponibilizamos é enorme. É uma das maiores bases de dados sobre DNA disponíveis para a comunidade científica. Mas nós analisamos somente cerca de 2% das amostras que coletamos em todo o mundo – então há muito trabalho a fazer para que possamos entender mais sobre o funcionamento destes ecossistemas e sua importância para o bem-estar do planeta", diz o cientista.

sábado, 23 de maio de 2015


Conheça a planta que cresce onde há diamantes

  • 19 maio 2015
Credito: Stepehn Haggerty
Até agora, todas as vezes que os cientistas encontraram a planta, encontraram também kimberlito, que pode abrigar diamantes
Ela é cheia de espinhos, parece uma palmeira e pode chegar a 10 metros de altura.
Mas a Pandanus candelabrum - uma planta identificada recentemente na Libéria - tem uma característica singular: aparentemente, só cresce em zonas onde há chaminés de kimberlito, formações rochosas de origem vulcânica que podem abrigar grandes quantidades de diamantes.
"Na Libéria - pelo menos - temos descoberto uma relação um para um: cada vez que encontramos a planta, encontramos kimberlito", disse à BBC Mundo Stephen Haggerty, geólogo da Universidade Internacional da Flórida, em Miami, nos Estados Unidos, e autor do estudo publicado na Economic Geology.
Haggerty acredita que a planta se adaptou a esses terrenos porque contém níveis elevados de magnésio, potássio e fósforo que constituem um "fertilizante muito bom".
Mas encontrar essa planta significa descobrir um tesouro?
Segundo Haggerty, as amostras não são estatisticamente significativas para fazer uma afirmação tão contundente.
Além disso, acrescenta, há outros requisitos fundamentais que precisam estar presentes.
"Os diamantes estão restritos geologicamente. Só se encontram nas regiões mais antigas da crosta terrestre [em partes da África, Canadá, Sibéria, Brasil]", destaca o pesquisador.
E a família desta planta aparece em regiões tropicais e subtropicais.
Se você encontrar a planta, não vai encontrar necessariamente diamantes. Tem que estar em um país onde eles existam."
Stephen Haggerty, geólogo da Universidade Internacional da Flórida
THINKSTOCK
"Então, só se esses dois elementos se combinam existe a possibilidade de se achar kimberlito e, se você encontra kimberlito, há chances de encontrar diamantes" acrescenta.
As chaminés de kimberlito são raras. Das mais de 6.000 que se conhece, cerca de 600 contém diamantes. E, dessas, apenas 60 contém diamantes em quantidade necessária para justificar o custa da extração, esclarece o cientista.

Benefícios

A descoberta tem o potencial de mudar radicalmente a forma como se faz prospecção para buscar diamantes.
Detectar um indicador de sua presença em superfície demanda menos trabalho e custo menor.
"Poderia ser [um método] particularmente útil em lugares como a Amazônia, onde a floresta é muito frondosa e onde é preciso escavar muitos metros antes de ver se há kimberlito", disse Haggerty.
E, para os países da África que passaram por guerras e foram assolados pela epidemia do ebola, destaca Steven Shirey, geólogo especializado em diamantes do Instituto Carnegie para a Ciência, nos EUA, a exploração mineral das chaminés de kimberlito pode oferecer benefícios econômicos sem gerar grandes danos ambientais, já que este tipo de minas - estreitas e verticais - têm um impacto muito menor que, por exemplo, as minas de cobre a céu aberto.
Mas Haggerty teme que muitos comecem a procurar diamantes desenfreadamente se encontrarem um exemplar de Pandanus candelabrum.
"Sou ambientalista e esta é uma planta exótica, por isso me preocupa que [a descoberta] possa ter um impacto negativo no sentido de que se comece a escavar sem ter em mente todos os elementos que devem estar presentes."
"Se você encontrar a planta, não vai encontrar necessariamente diamantes. Tem que estar em um país onde eles existam."